APEB entrevista Ailton Cardozo em comemoração ao aniversário de Salvador
Para celebrar o aniversário de Salvador, comemorado no dia 29 de março, a
APEB entrevistou o procurador Ailton Cardozo, que falou sobre o tema "O trabalho
do procurador na construção da cidade":
APEB: Na sua opinião, como o procurador do Estado atua para a construção de
uma cidade mais participativas e inclusivas do Brasil?
Ailton Cardoso: Essa pergunta é bastante profunda, porque toca em diversas
dimensões da análise do papel do servidor público de um modo geral e da
advocacia pública em particular, no desenvolvimento social e econômico
sustentável e como isso se reflete nas ações cotidianas do nosso fazer
institucional, que tem como objetivo maior, por mandamento constitucional, a
construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
Penso que, sendo o direito um dos principais pilares da democracia, e , além
disso, sendo instrumento fundamental para a execução das políticas públicas, é
evidente que o papel do procurador do Estado incorpora uma potência de
transformação social e, como todo poder, reclama consciência e
responsabilidades.
Isso se observa em todas as áreas da política pública e não poderia deixar de
ser no que concerne ao desenvolvimento urbano. É na cidade que convivemos. A
qualidade dessa convivência determina o bem estar coletivo.
Como se sabe, campo do desenvolvimento urbano, a Constituição concedeu aos
Estados Federados a competência para o planejamento e execução de funções
públicas de interesse comum da regiões metropolitanas. No início no ano passado,
entrou em vigor a Lei 13.089/2015 – O estatuto da metrópole, que traz diversas
potencialidades e exige de nós, procuradores dos Estados, nos debruçarmos em
temas fundamentais, como por exemplo, governança metropolitana, planos de
desenvolvimento urbano integrado, fundos, operações urbanas consorciadas, etc.
Não podemos esquecer que a Região Metropolitana de Salvador é uma das maiores do
País e uma das maiores do mundo e tem uma história de profunda desigualdade
social, que se reflete no espaço urbano. Então os desafios são imensos para
todos que desejam e se implicam na ampliação da participação democrática e na
inclusão social
APEB: Esta semana, foi inaugurada a piscina Olímpica e, ontem, foi publicado
o Edital para arrendamento do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto. O
procurador é agente partícipe dessas obras? Como ele atua antes, durante e
depois das obras para beneficiar a sociedade?
AC: Onde tem obra e serviço público, em regra, tem a participação de
procuradores do Estado. Somos responsáveis pela análise prévia de
legalidade dos atos e contratos. Mas assistimos nos últimos anos um
aperfeiçoamento de nosso trabalho institucional e observamos a importância da
advocacia pública não apenas especificamente no controle processual e
procedimental da legalidade, mas também atuando no planejamento das ações
estatais, na busca de soluções juridicamente consistentes para problemas
contemporâneos da Administração Pública. A sociedade exige avançarmos em termos
de eficiência e eficácia da gestão, e esse objetivo não é apenas de governos,
mas sim de todas as instituições. Isso exige nos prepararmos para esse desafio.
Nesse sentido, um olhar atento no trabalho que vem sendo desenvolvido na PGE/BA,
passando por sucessivos governos, mostra que estamos institucionalmente atentos
às nossas responsabilidades e aos anseios sociais por mais participação e
melhoria do serviço público.
No tema do desenvolvimento urbano, a PGE tem recentemente planejado e realizado
ações que visam a preparar a instituição para uma atuação cada vez mais
eficiente. Cito, por exemplo, a celebração do primeiro convênio entre uma
Procuradoria de Estado e o IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas,
do Ministério do Planejamento, tendo como objeto o desenvolvimento de estudos e
pesquisa na área de Governança Metropolitana, bem como a iniciativa de criação
da Rede Estadual de Estudos Metropolitanos, ambas iniciativas realizadas pela
PGE e a SEDUR, em conjunto.
APEB: Pode nos informar sobre algumas obras que tenham importado em
construção física, ganho estrutural e econômico para a cidade, onde os
procuradores do estado atuaram de forma direta para a sua realização?
AC: A lista de obras em que procuradores atuaram de forma direta seria extensa e
abrangeria o trabalho de todos os setores da PGE. Posso citar alguns que
acompanhamos no Grupo de Projetos Estratégicos, do Gabinete do Procurador Geral,
mas é apenas uma parcela pequena de tudo o que fazemos cotidianamente em toda
instituição. Cito, por exemplo, os projetos de mobilidade urbana, em especial o
metrô Salvador - Lauro de Freitas, o Hospital do Subúrbio, o Centro de Diagnose
por Imagem, o Centro Integrado de Gestão de Emergências, todas obras
estruturantes realizadas em Salvador.
Ressalto, ainda, o trabalho de estruturação do projeto do Sistema Viário Oeste –
Ponte Salvador Itaparica, do qual sou um entusiasta, justamente porque permite,
a partir de um investimento âncora, planejar e executar um desenvolvimento sócio
econômico regional da macro-metrópole que envolve a Bahia de Todos os Santos.