Ministros participam de cerimônia de sanção da lei que disciplina o mandado de injunção
Os ministros Teori Zavascki e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), participaram na última quinta-feira (23), no Palácio do Planalto, da
cerimônia de sanção, pelo presidente da República em exercício, Michel Temer, da
lei que disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção individual
e coletivo.
O projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional decorreu do II Pacto
Republicano de Estado por um Sistema de Justiça mais Acessível, Ágil e Efetivo,
assinado em abril de 2009 pelos então presidentes da República, Luiz Inácio Lula
da Silva, do Senado Federal, José Sarney, da Câmara dos Deputados, Michel Temer,
e do STF, ministro Gilmar Mendes. O ministro Teori Zavascki integrou o grupo dos
representantes do Poder Judiciário no Comitê Executivo do Pacto, coordenado pelo
ministro Gilmar Mendes.
Discurso
Em seu discurso na cerimônia de sanção da nova lei, o ministro Teori Zavascki
ressaltou a importância do mandado de injunção como instrumento processual
aplicável nas hipóteses em que a ausência ou insuficiência de norma
regulamentadora possa comprometer o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.
De acordo com o ministro, nesses casos, caberá ao Judiciário suprir a mora
legislativa sem comprometer ou limitar a funcionalidade de sua atuação. “Traçar
os adequados limites a essa atuação jurisdicional dos Tribunais e, ao mesmo
tempo, assegurar aos cidadãos a plenitude do exercício dos seus direitos e
prerrogativas, eis aí o delicado caminho por que trafega a nova lei do mandado
de injunção”, disse.
Rito sumário
O ministro destacou que a lei manteve a aplicação, ao mandado de injunção, de
rito sumário semelhante ao do mandado de segurança. Teori explicou ainda que a
este rito sumário foi incorporada, pela nova norma, a jurisprudência mais
recente do STF no sentido de que o mandado de injunção não se limita a
recomendar ou a provocar a ação do legislador. “Quando necessário, pode e deve
ir mais além, para também garantir o exercício e, às vezes, até a própria
satisfação dos direitos, liberdades ou prerrogativas reclamados”, ressaltou.
O resultado disso, explicou, serão decisões com “características
especialíssimas”, dentre elas, uma eficácia para o futuro, a possibilidade de
ajustes em função de modificações supervenientes do estado de fato ou de direito
e a expansão às situações análogas, decorrente do princípio da isonomia.
Teori destacou ainda que a decisão do Poder Judiciário terá eficácia temporal
limitada, uma vez que deixará de produzir efeitos tão logo sobrevenha norma
regulamentadora editada pelo Poder Legislativo. “Está nascendo um diploma
normativo que, além de agregar técnicas processuais modernas e ágeis, reveste-se
do mais alto significado jurídico e institucional, porque também é um passo
adiante na adequada demarcação dos sempre sensíveis domínios entre as funções
legislativa e jurisdicional”.
Ao fim do discurso, o ministro destacou que o sucesso do Pacto Republicano, que
resultou não somente na nova lei, mas em outras normas de grande importância,
diante dos momentos de dificuldade pelos quais passa o País, serve de exemplo e
alento. “Mostra-nos que a convergência de esforços entre os Poderes do Estado é
o caminho virtuoso e seguro para a construção do País que sonhamos”, concluiu.
Fonte: STF