Raio x: entrevista com o novo representante da Classe Especial no Conselho Superior da PGE
Procurador do Estado há 27 anos, Walsimar dos Santos Brandão foi eleito, em
agosto deste ano, o novo representante da Classe Especial no Conselho Superior
da PGE. Apaixonado por Direito e pela advocacia pública estadual, Brandão diz
que um dos atuais desafios do procurador é combater a corrupção e que, à frente
da nova gestão, irá levantar a discussão sobre a necessidade de contratação na
Procuradoria. “A PGE-BA necessita urgentemente da reposição de quadros”,
destacou.
Casado e pai de dois filhos, o procurador gosta de ler, passear, conversar, se
atualizar e viajar em seu tempo livro. Com dedicação exclusiva à carreira
pública, ele deixa uma mensagem para os que desejam ingressar na carreira:
“dedicar-se ao estudo com afinco”, diz.
Confira entrevista na íntegra!
- Qual o balanço que faz dos anos na PGE?
R – O balanço é positivo, após vinte e sete anos de labor, tendo observado ao
longo do tempo a constante evolução do órgão.
- Quais os principais desafios da carreira de procurador atualmente? Eles
mudaram com o tempo?
R – O tempo sempre apresenta mudanças. Os principais desafios da carreira
atualmente são, dentre outros, adotar uma posição proativa no combate cerrado à
corrupção endêmica, posicionar-se firmemente pela legalidade, moralidade e
eficiência no serviço público, defendendo a autonomia do órgão, para bem cumprir
suas elevadas incumbências, livre de ingerências externas.
- Qual sua expectativa para sua nova gestão no Conselho Superior da PGE?
R – A expectativa é a melhor possível, pois confio na existência de uma visão
comum, por parte dos integrantes da carreira, e na elevada postura de cada um
dos seus membros.
- Uma das funções do conselho é deliberar sobre a oportunidade e o procedimento
a ser adotado na realização de concursos para procurador. Como avalia o atual
quadro de procuradores da PGE-BA? Acha que precisa de novas contratações? O que
pretende fazer nesse sentido?
R – Este é um calcanhar de Aquiles na história do órgão. A PGE-BA necessita
urgentemente da reposição de quadros, pois ao longo das últimas décadas vem
perdendo com a saída dos que vão completando os requisitos para a aposentadoria
ou passaram a dedicar-se a outra carreira. Entendo que dada a inafastabilidade
da consultoria e representação jurídicas exclusivas do órgão, cabe ao Gestor
Estadual adotar imediatamente as medidas que se fizerem necessárias para a
nomeação do máximo número possível de Procuradores. Pretendo levantar a
discussão de que seja cabível diminuir provisoriamente a ocupação dos
inumeráveis cargos em provimento temporário, que deveriam servir apenas para as
funções de direção, chefia e assessoramento, mas que também são utilizados como
moeda de troca de apoio político, o que tem impacto na folha de pagamento.
- Qual a importância dos honorários de sucumbência para advocacia pública?
R – Visam a manutenção do quadro, na medida em que confere atratividade aos
atuais e futuros ocupantes; permitem a manutenção do poder de compra, além de
servir de estímulo à combatividade, o que por si já demonstra a sua efetividade
como instrumento remuneratório.
- Quais os maiores entraves do Judiciário baiano?
R – O Judiciário baiano está defasado, tanto em relação ao número de magistrados
que dispõe, o qual é aquém à demanda da sociedade, quanto ao número de
serventuários, o que impede o atendimento célere às lides. Compreendo que o
Poder Judiciário deveria ser incumbência da União Federal, pois os
estados-membros nem sempre podem mantê-lo em condições de prestar um serviço
adequado, havendo graves diferenças entre estas unidades, o que implica em
distorção inaceitável, por estabelecer diferenças entre os cidadãos brasileiros,
a depender do local onde tenha estabelecido sua morada.
- Quando e por que optou pela carreira?
R – Optei pela carreira logo após a formatura em Direito, pelo prestígio de que
sempre se revestiu o exercício da advocacia pública estadual, e também por me
possibilitar, à época, o exercício da advocacia privada e me manter residindo na
Capital.
- Exerce outra profissão, a exemplo da advocacia privada?
R – Atualmente me dedico com exclusividade à função pública.
- O que gosta de fazer no tempo livre?
R - Ler, passear, conversar, me atualizar, viajar, etc.
- Tem filhos? Se sim, gostaria que seguissem sua carreira?
R - Tenho dois filhos e optaram por carreiras distintas, na área da saúde.
- Qual o recado poderia deixar para quem deseja tornar-se procurador?
R – Dedicar-se ao estudo com afinco, pois os concursos são cada vez mais
exigentes em termo de conteúdo do candidato.