Associação de Procuradores do Estado da Bahia lança campanha “Sororidade” com o objetivo de discutir o papel da mulher contemporânea
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a Associação de Procuradores
do Estado da Bahia (APEB) lançou a campanha “Sororidade: O papel da mulher
contemporânea”, uma iniciativa em parceria com a Procuradoria Geral do Estado (PGE).
Em sua primeira apresentação, o “Sororidade” trouxe como tema “Mulher e Negra:
serão dois pesos e nenhuma medida?”.
O lançamento do programa “Sororidade” teve início com a apresentação do vídeo
“Respeita as Minas” e depoimentos emocionados da procuradora-geral adjunta
Luciane Croda, da PGE, e da procuradora Cristiane Guimarães, vice-presidente da
APEB. Através de relatos, elas abordaram a importância do combate à violência
contra a mulher, independentemente de gênero, classe social, grau de
escolarização e posições profissionais.
A vice-presidente da APEB enfatizou a importância dos objetivos do projeto, que
incluem um pacto civilizatório entre as mulheres na tentativa de obterem
solidariedade e uma rede de proteção, e da necessidade de colocar estas
temáticas em pauta. “Buscamos incentivar os debates em torno das questões que
envolvem as mulheres, com o objetivo maior da construção da igualdade de gênero.
Vamos disseminar esta campanha, inclusive com outras ações programadas, e
expandir para colegas de procuradorias de outros estados, durante nosso
Congresso Nacional – CNPE 2018. Queremos criar uma grande rede que envolva toda
a sociedade. No mês de maio, por exemplo, discutiremos assuntos relativos ao
trabalho”, ressaltou Cristiane Guimarães.
Presente ao evento, realizado na sede da PGE, no Centro Administrativo da Bahia,
a titular da pasta da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi),
Fabya Reis, divulgou as políticas e ações destinadas às mulheres negras, a
exemplo dos editais permanentes com foco no desenvolvimento e autonomia do
segmento. Ela destacou que não haverá país digno e desenvolvido sem a devida
valorização e inclusão plena das mulheres negras. “Fizemos um rico debate a
partir da análise da situação das mulheres no país e as históricas desigualdades
de gênero e raça que acometem as mulheres negras, refletindo também sobre os
desafios e possibilidades para o seu enfrentamento. Tudo isso compreendendo a
necessidade de reforçarmos ainda mais o combate ao racismo estrutural presente
na sociedade, elemento que baseia todas estas problemáticas”, pontuou.
A desembargadora Nájila Maria Sales Brito, do Tribunal de Justiça da Bahia
(TJ-BA), lamentou em sua apresentação que, infelizmente, o feminismo venha sendo
entendido atualmente cada vez mais de forma inadequada, pois a discussão dos
direitos iguais e a diversidade com seus 59 gêneros existentes estão
constantemente sob ameaça de narrativas radicais. Para ela, o Judiciário deve
fazer suas reflexões e correções, não colocando a mulher no banco dos réus.
Em sua fala, a capitã Ana Paula Costa de Queirós, subcomandante da Ronda Maria
da Penha, comentou as ações emergenciais e a assistência prestada às vítimas da
violência, que se caracteriza muitas vezes por uma abordagem não somente
institucional, mas também humanitária. “É preciso fazer com que a nossa
humanidade seja significativa, pois de nada adianta ser autoridade se o papel
das instituições continuará ser o de subjugar o outro. É necessário construir
uma cultura de paz, a “sororidade”, que deve ser buscada da mesma forma como se
diz no ditado árabe, no qual quem planta tâmaras não colhe tâmaras, mas sim as
próximas gerações”, finalizou.
No encontro que marcou a semana de mobilizações alusivas ao Dia Internacional da
Mulher também estiveram representadas a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção
Bahia (OAB-BA), através de Ilana Kátia Vieira Campos, e a Defensoria Geral, por
meio do defensor público Rodrigo Assis Alves, além de servidoras, advogados,
convidados e equipe de procuradoras e procuradores do Estado.